O Tempo Pascal

Os 50 dias entre o domingo da Ressurreição e o domingo de Pentecostes. É o tempo da alegria e da exultação, um só dia de festa, “um grande domingo” (cf. NALC 22). São dias de Páscoa e não após a Páscoa. “Os oito primeiros dias do tempo pascal formam a oitava da Páscoa e são celebrados como solenidades do Senhor” (NALC 24).

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O que é Lturgia?

Para conhecer a Liturgia não basta conhecer os ritos e as rúbricas (normas) das cerimônias litúrgicas;é preciso se aprofundar na figura do Cristo Sacerdote,nos Sacramentos,e no mistério da Igreja,através da qual Cristo continua a sua missão de salvar a humanidade.O povo católico tem muitas dúvidas sobre a liturgia e muitos desconhecem o seu sentido e toda a sua riqueza.Desde a mais remota antiguidade o homem buscou formas de se comunicar com a divindade;isto em todos os povos seja através de danças,músicas,usando elementos da natureza como flores,planas,animais,frutas,etc.É uma tendência inata do homem.

A Liturgia A Liturgia,em todos os tempos,é o culto público que o povo presta a Deus.Podemos dizer que é um diálogo entre o povo e Deus.O povo celebra os mistérios de Deus.Deus se entrega como dom ao povo,e este,acolhendo o dom de Deus,responde a Deus com louvor,e canta as suas maravilhas.A Liturgia é o culto sagrado que os antigos levitas ofereciam a Deus e que hoje é prestado pelo próprio Cristo,que se fez Sacerdote e Vítima de nova e definitiva Aliança,estendido até nossos dias pela celebração da Eucaristia,que unindo o nosso sacrifício ao de Cristo nos faz também “hóstias vivas”.A Liturgia Católica,instituída por Jesus ,visa celebrar (=tornar célebre),dar importãncia,honrar,exaltar,em comunidade,a Santíssima Trindade de modo especial e celebrar os “ santos mistérios”.

 

Constituição Dogmática Sacrosanctum Concilium “O objetivo do Concílio é intensificar a vida cristã,atualizando as instituições que podem ser mudadas,favorecendo o que contribui para a união dos fiéis em Cristo e incentivando tudo que os leva a viver na Igreja.Em vista disso,julga dever se ocupar Especialmente da liturgia,que precisa ser restaurada e estimulada”.(SC 1).

Oração Litúrgica Para compreender o caráter e o dinamismo da oração litúrgica,convém atermo-nos primeiramente à dupla dimensão que a celebração litúrgica possui.Esta se desenvolve per ritus et preces,isto é,por meio de ritos e orações.As preces ajudam a desviar o sentido dos ritos que se vão desenvolvendo.A celebração litúrgica tem, portanto,uma faceta de oração e outra de ação;é ato e prece intimamente unidas na entretecedura ritual.A oração litúrgica acompanha,envolve e,ao mesmo tempo,ilumina a ação litúrgica.Sendo a liturgia uma realidade central na vida da Igreja,a oração litúrgica é por isso a grande oração eclesial.Observaremos as distintas facetas da oração litúrgica para compreendê-la.

1-A oração litúrgica é um eco da história da salvação A História da Salvação é o diálogo entre Deus bom e misericordioso e a criatura humana,entre Deus e seu povo.Considerando a dimensão de oração da celebração litúrgica,é ela desvelada como diálogo contínuo e interrupto com o Pai das misericórdias.Por meio da oração litúrgia,dá-se assim prosseguimento ao diálogo da História da Salvação.Uma oração que é a resposta do homem a Deus que o chama e lhe fala:essa realidade teológica manifesta-se na própria estrutura dialogal da prece litúrgica:o presidente pronuncia a oração e o povo responde associando-se e ratificando seu “Amém” a oração do ministro.

2-Uma oração pascal Sendo toda a liturgia da Igreja uma celebração do Mistério Pascal de Jesus Cristo,a oração litúrgica é oração pascal.Como a Páscoa do Senhor é o acontecimento central da História da Salvação,daí deriva também seu caráter de oração central e principal.Do Mistério Pascal fluem a força poderosa,a eficácia e toda a energia transformadora da oração litúrgica.Por brotar da Páscoa de Jesus Cristo,essa oração tem um valor objetivo,é uma participação dessa fonte viva.A Páscoa do Senhor é o dom divino máximo,e precisamente por isso deve ser celebrada;daí decorre que a prece litúrgica se transforme em “oração celebrativa”.

3-Uma oração de raiz bíblica Como exala o decorrer da História da Salvação,a prece litúrgica é marcadamente bíblica;inspira-se explícita ou implicitamente na Sagrada Escritura: “desempenha papel de primordial importãncia na celebração litúrgica.Fornece as leituras e é explicada na homilia”.(cf.SC 24);a mesma linguagem empregada pela oração litúrgica está repleta de ressonãmicas bíblicas.Na atual estruturação de todas as celebrações litúrgicas,estas não deixam de ter seu momento bíblico ou primeira parte da Liturgia da Palavra.

A Liturgia da Palavra é parte indispensável das celebrações sacramentais.Por ela os fiéis são alimentados na sua fé,por isso são valorizados os sinais da Palavra:a Bíblia,os lecionários,o ambão de onde se lê a homilia do sacerdote,as aclamações,o Salmo de meditação,etc.Uma celebração sacramental é um encontro dos Filhos de Deus com seu Pai,em Cristo e no Espírito Santo,e este encontro se exprime como um diálogo,mediante ações e palavras...As ações litúrgicas significam o que a palavra de Deus exprime:a iniciativa gratuita de Deus e ao mesmo tempo a resposta de fé de seu povo.(Cat.§1153). A Liturgia da Palavra

Ritos Iniciais A Missa não é uma reunião qualquer.Os cristãos são convocados por Deus presente em suas vidas através da fé.Os ritos iniciais ou “Estas adaptações,na maioria,consistem na escolha de alguns ritos ou textos,ou seja,de cantos,leituras,orações,monições e gestos mais correspondentes ás necessidades,preparação e índole dos participantes,atribuídas ao sacerdote celebrante”.(cf.Missal Romano 24). Reunido o povo,enquanto o sacerdote entra com os ministros,começa o canto de entrada. “Além disso, no Missal sã indicadas,no devido lugar,certas adaptações que,conforme a Constituição sobre a Sagrada Liturgia,competem respectivamente ao Bispo diocesano ou à Conferência dos Bispos”. (Missal,25).Segue saudação do Presidente ao altar e ao povo reunido.

Este é um momento muito importante da celebração. “Celebrando ao prebistério, o sacerdote e os ministros saúdam o altar.Executado o canto de entrada,o sacerdote e toda a assembléia fazem o sinal da cruz.A seguir o sacerdote,pela saudação ,expressa à comunidade reunida a presença do Senhor.Esta saudação e a resposta do povo exprimem o mistério da Igreja reunida” (n.27 e 28). A assembléia não se reúne em nome próprio, mas em nome da Santíssima Trindade: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Entra no mistério da Santíssima Trindade através do mistério Cruz de Cristo. Esta presença do Senhor é significada também através da saudação:A graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco. A assembléia reconhece que está reunida em Cristo e por Cristo. Por isso, alegra-se e dá graças: Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.

 Ato Penitencial “Quando se lêem as Sagradas Escrituras na Igreja, o próprio Deus fala a seu povo, e Cristo, presente em sua palavra, anuncia o Evangelho”. (Missal Romano,29). O ato penitencial para toda a assembléia no início da Missa é uma expressão bastante recente na liturgia. Qual é mesmo sentido? Não se trata de uma confissão, nem propriamente de uma celebração penitencial. Por isso não se deve dar demasiada importância a esse momento da Missa. O que a Igreja quer colocar a assembléia diante de Deus numa atitude de pobreza. Ajudá-la a tomar consciência de que tudo é graça, tudo é dom de Deus. Nosso é somente o pecado.

Hino de louvor O rito de entrada da missa,como ficou ordenado na reforma realizada depois do Concílio,além do canto de entrada contém dois cantos tradicionais na liturgia:o Senhor,tende piedade de nós e o Glória.O Senhor tende piedade de nós não pertence propriamente ao ato penitencial.O Missal Romano afirma que “Entre as partes que competem ao sacerdote ocupa o primeiro lugar a Oração Eucarística,cume de toda a celebração”.(cf.Missal Romano,30).Ao se organizar a Missa deve-se cuidar que o Senhor não seja omitido já que ele sozinho não constitui ato penitencial.

Oração (Coleta) A Oração chamada <> encerra o rito de entrada e introduz na celebração do dia.Esta oração é introduzida por um silêncio a convite do celebrante,que diz:Oremos . “Por isso,enquanto o sacerdote as profere,não haja outras orações nem cantos,e calem-se o órgão e qualquer instrumento.” (Missal 32).Vejamos aqui,alguns exemplos que a oração pode ser feita: 1-Oração presidida por Cristo cabeça: A prece litúrgica tem uma cabeça-invisível: é Jesus Cristo vivo e ressuscitado.O ministro atua como presidente da assembléia dirigindo a oração,visibiliza Cristo-Cabeça orante.

2-Oração sacerdotal de Jesus Cristo:Na oração litúrgica,Jesus Cristo,que está vivo para interceder por nós ao Pai,exerce sua função sacerdotal de salvação (cf.1Jo 2,1;Hb 4,14-16).Jesus Cristo ressuscitado é o verdadeiro Pontífice que,mediante a ação-oração litúrgica,comunica a vida divina e atualiza o dom da redenção. 3-Oração por meio de Cristo:São Paulo ,exortando os cristãos a fazerem de sua vida uma contínua ação de graças a Deus Pai,convida-os a fazer tudo em nome de Jesus Cristo e por mediação dele.(cf.Cl 3,17;Ef 5,20).Como mediador entre o Pai e a humanidade Jesus Cristo faz chegar ao Pai a súplica e o louvor litúrgico dos filhos. 4-Uma Oração animada pelo Espírito Santo:Seguindo o exemplo e a ordem de Jesus,os batizados,movidos pelo Espírito Santo,invocam a Deus como Pai com afeto e piedade filial (cf.Mt 6,9;Lc 11,1ss;Rm 8,15-16).Toda oração cristã se faz no Espírito Santo (cf.Ef 6,18;Cl 14,2),no qual o próprio Cristo se ofereceu ao Pai na Cruz (cf.Hb 9,14).

Liturgia da Palavra 1-A mesa da palavra: Praticamente não existe celebração na liturgia cristã,onde não se proclame a palavra de Deus.Isso porque antes de tornar presentes os mistérios de Cristo,a Igreja os contempla,os envoca.E os mistérios celebrados ela os encontra na Sagrada Escritura.Por sua palavra Deus continua convocando o seu povo.Por sua palavra o recria.A palavra de Deus é eficaz ainda hoje.Ainda hoje ela é criativa e convoca para uma resposta de conversão a Deus pela oração e uma atitude de vida de acordo com as exigências da mesma palavra.

2-A riqueza da palavra de Deus “Quanto mais a palavra de Deus for oferecida aos fiéis, maior acesso terão aos tesouros da Bíblia. Por isso,deve-se ler uma parte bem maior das Escrituras, nos espaços litúrgicos que lhe são reservados cada ano”. (SC 51). A reforma litúrgica promovida pelo Concílio Vaticano II determinou que se abrissem para os fiéis os tesouros da Bíblia, é o que afirma a Constituição sobre a liturgia Sacrosanctum Concilium. Assim a Igreja hoje proclama na Missa praticamente toda a Sagrada Escritura no espaço de três anos. Temos dois esquemas de leiuras: o da liturgia dominical e festiva devemos distinguir os tempos litúrgicos e o Tempo Comum. Nos tempos fortes as leituras são escolhidas conforme os mistérios celebrados e os tempos litúrgicos. No Tempo Comum são proclamados os três Evangelhos sinóticos-Mateus, Marcos e Lucas-num ciclo de três anos chamados Ano A (Mateus), Ano B (Marcos) e Ano C (Lucas).

O Ano C é o divisível por três. No Ano B,sendo o Evangelho de Marcos mais breve, insere-se o capítulo 6 de João sobre o pão da vida.Neste Tempo comum as leituras do Antigo Testamento(AT) são escolhidas de acordo com o Evangelho.A segunda leitura é tirada do Apóstolo,em forma de leitura semicontínua das diversas cartas. Na liturgia dos dias de semana,temos ainda maior abundãncia de leituras.Os quatro Evangelhos são proclamados cada ano.Da 1ª à 9ª semana do Tempo comum temos o Evangelho de Marcos,o mais próximo do Jesus histórico.Da 10ª à 21ª demana,já depois de Pentecostes,temos o Evangelho de Mateus,o Evangelho da Igreja,da lei nova e da missão.Da 22ª semana até à 34ª,temos o Evangelho de Lucas,o Evangelho da Misericórdia.Os Evangelhos da infância de Jesus são proclamados no Natal,o Evangelho de São João é lido na Quaresma e no Tempo da Páscoa;as narrações da Paixão,na Semana Santa, e os relatos da ressurreição,na Páscoa.

3-O livro Para a proclamação da Palavra de Deus sempre se deve dar preferência ao livro em vez de um folheto.Por que isso? O livro na Própria Sagrada Escritura apresenta-se como um simbolo muito forte e significativo.O livro é venerado.O livro contém a mensagem sagrada.Mais de uma vez no Antigo Testamento se fala de comer o livro.Isso quer dizer assimilar a mensagem nele contida.Jesus na sinagoga de Nazaré toma o livro das Escrituras para proclamar a palavra de Deus.E no Apocalipse fala-se do livro da vida,fechado por set selos,que somente o Cordeiro imolado e glorioso pode abrir (cf.Ap 6,1-17).

4-Os principais lecionários Já para a celebração da palavra de Deus nas sinagogas no Antigo Testamento havia uma escolha de textos bíblicos de Moisés,isto é,da Lei,dos Profetas e dos Salmos.As leituras eram feitas diretamente dos Livros Sagrados.Na História da Igreja também muito cedo escolheram-se leituras bíblicas que contemplassem e recordassem os mistérios celebrados pelos cristãos.Esses trechos bíblicos foram agrupados em lecionários,evangeliários e graduais (Livro dos Salmos para o canto).Mais tarde,por vários séculos,tudo estava reunido no mesmo livro chamado Missal,quando as funções de leitores quase desapareceram,ficando quase tudo ao encargo do padre. Na reforma litúrgica pós-conciliar houve a preocupação de reintroduzir os lecionários,para que as funções fossem exercidas pelos ministros próprios,descentralizando as funções.

5- Os leitores A função de leitor é um ministério ou serviço na Igreja.Ele faz as leituras,ao passo que o diácono é o leitor oficial do Evangelho.Na sua ausência é o presbítero que a faz.Não se trata,contudo,de uma ausência é o presbítero quem a faz.Não se trata,contudo,de uma mera leitura e sim uma proclamação ou anúncio da palavra de Deus.Tanto o leitor oficial como os leitores extraordinários devem ter uma dupla preparação para fazer a proclamação da palavra de Deus na liturgia;uma preparação espiritual e moral e uma preparação técnica.O leitor instiuido é convidado a dedicar-se mais intensamente à leitura e meditação da palavra de Deus.

6-Proclamação do Evangelho A proclamação do Evangelho é o ponto alto da celebração da palavra de Deus,tanto na Missa como na liturgia das Horas,ode se reza o Cântico evangélico.A mensagem de Jesus Cristo deixada à Igreja pelos quatro evangelistas ,é rodeada de expressões especiais de reverência.O ministro da proclamação do Evangelho é o diácono e,na falta dele,um presbítero.Convém que o livro dos Evangelhos seja levado solenemente pelo leitor na procissão de entrada e colocado sobre o altar.Terminada a segunda leitura o ministro da proclamação do Evangelho prepara-se para proclamá-lo,pedindo a bênção ao presidente impoõe o inceso no turíbulo,se for usado,o incenso.Prepara-se então a procissão para o ambão,a mesa da palavra de Deus.O turíbulo à frente,os dois ceroferários levando as veleas acesas.Durante esta solene procissão a assembléia poê-se de pé e aclama o livro dos Evangelhos,preparando-se para ouvir a palavra do Senhor Jesus.Esta aclamação compõe-se do aleluia,mas um versículo,em geral tirado do Evangelho que vai ser proclamado.Na Quaresma,em vez do aleluia,temos outra aclamação.

Homilia “A homilia é a exposição dos mistérios sagrados e das normas da vida cristã,a partir dos textos sagrados,no decurso do ano litúrgico.Recomenda-se vivamente a sua prática,como parte integrante da liturgia.Nas missas aos domingos e festas de precito,com a presença do povo,não se deve omití-la”(SC 51). A homilia traz a transição entre a palavra de Deus na liturgia da palavra e a resposta a esta palavra.Normalmente ela é feita pelo Presidente da assembléia,pois o sacerdote recebe pela imposição das mãos na ordenação o dom especial do Espírito Santo também para pregar o Evangelho.A homilia pode ser feita pelo diácono.Em celebrações da palavra de Deus presididas por leigos não se faz homilia,mas uma eventual exortação da palavra de Deus.

 

“A homilia é uma parte da liturgia e vivamente recomendada,sendo indispensável para nutrir a vida cristã.Convém que seja uma explicação de algum aspecto das leituras das Sagrada Escritura ou de outro texto do Ordinário ou do Proprio da Missa do dia,levando em conta tanto o mistério celebrado,como as necessidades particulares dos ouvintes”. (Missal Romano,65). A homilia distingue-se do sermão e da pregação missionária.Não constitui aula de exegese,nem de teologia ou de moral.A homilia constitui uma conversação sobre o mistério celebrado,em geral a partir das leituras bíblicas.Tem por finalidade fazer o confrnto entre o mistério celebrado,evocado pelas leituras,e a vida da comunidade celebrante.Realiza aquilo que aconteceu aos pés do Monte Sinai com o povo de Israel.

“Agora,se realmente ouvirdes minha voz e guardardes a minha aliança,sereis para mim a porção escolhida entre todos os povos.Na realidade é minha toda a terra mas sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa.São essas as palavras que deverás dizer aos israelitas.Faremos tudo quanto o Senhor falou”.(Êx 19,5;8b). Pela homilia o sacerdote evoca os benefícios de Deus em favor do homem.Desperta a fé,a esperança e a caridade.Ajuda a assembléia a conformar sua vida com o plano de Deus que se torna presente na celebração.Ajuda portanto ,a despertar a atitude de conversão.Na homilia,o sacerdote anima o povo,exorta-o e se preciso o denuncia,mostrando a distãncia existente entre o ideal proposto e a vida concreta do povo.

O Creio Diz a Instrução Geral do Missal Romano: “O símbolo,ou profissão de fé,tem como finalidade permitir que todo o povo reunido,responda á Palavra de Deus anunciada nas leituras da Sagrada Escritura e exposta na homilia,e que,proclamando a regra da fé,segundo,a fórmula aprovada para o uso litúrgico,recorde e professe os grandes mistérios da fé,antes de começarem a ser celebrados na Eucaristia”.(Missal Romano,67).A profissão de fé Foi introduzia na celebração eucarística da liturgia romana bastante tradiamente.A profissão de fé ou símbolo pertencia mais a liturgia batismal.Um dos prováveis motivos por que foi introduzida na Missa terá sido o fato de a oração eucarística ser proclamada aos poucos em voz baixa pelo presidente da assembléia.

A oração dos fiéis “Restaura-se a oração comum ou dos fiéis depois do Evangelho e da homilia,especialmente nos domingos e dia de festa.O povo que dela participa ore publicamente pela Igreja”. (SC 53). A oração dos fiéis,é sobretudo uma resposta da assembléia a vontade de Deus manifestada em sua palavra.Já na eleição do povo de Deus aos pés do Monte Sinai,percebe-se este elemento da resposta do povo: “Sim,faremos tudo o que o Senhor disse.Seremos obedientes”.Deus reune seu povo pela palavra.O povo adere a Deus pela resposta.Esta resposta pode ser de louvor,de pedido de oerdão,de adoração,de pedido e de intercessão.O povo dá graças pelos benefícios revelados pela palavra; pede para que a salvação de Deus,que se realiza no cumprimento de sua vontade,atinja a todos os homens.Pede que as pessoas mais necessitadas,que se encontram em situações difíceis,possam realizar o plano de Deus a seu respeito.

Liturgia Eucarística “Na última ceia,na noite em que seria traído,nosso salvador instituiu o sacrifício eucarístico do seu corpo e sangue,que perpetuaria o sacrifício da cruz durante os séculos,até que voltasse.Legou assim á sua Igreja,como à esposa amada,o memorial de sua morte e ressurreição;sacramento de piedade,sinal de unidade,vínculo da caridade e banquete pascal, “em que se torna Cristo,em que a mente se enche de graça e em que nos é dado o penhor da glória futura”. (Sacrosanctum Concilum 47). A Liturgia Eucarísitica,é “ A oração pessoal e comunitária é o lugar onde o discípulo,alimentado pela Palavra e pela Eucaristia,cultiva uma revelação de profunda amizade com Jesus Cristo e procura assumir a vontade do Pai”.(cf.Documento de Aparecida,255).

Os Símbolos Litúrgicos Deus se fez homem e salvou-nos através da humanidade de Cristo.O seu sagrado corpo é o primeiro Sacramento pelo qual Deus nos tocou sensivelmente.Pelos sacramentos Deus se dá aos homens não apenas de maneira íntima,mas de maneira sensível,servindo-se de elementos materiais (o corpo humano de Jesus,o corpo visível da Igreja,a água,fogo,pão,vinho,óleo), além das palavras,gestos,cantos,etc.,que são chamados de “a ordem sacramental”.Não pode haver Cristianismo sem a Encarnação do Verbo;da mesma forma ele não pode existir sem a Igreja,ou Sacramentos e a Liturgia.O rito litúrgico,celebrado com o emprego dos elementos materiais,é portador do poder de salvação de Jesus Cristo,que se torna assim a mão prolongada de Cristo para nos transmitir a vida do Pai.

Alguns objetos,sinais e lugares litúrgicos são de grande importãncia na celebração da Eucaristia e outras celebrações.Vamos listar alguns deles: Alba (branca):Antigo nome da bata litúrgica. Almúcia:Capa de murça,com capuz,usada antigamente pelos cônegos. Água: Deve ser natural na liturgia.O sacerdote usa para lavar as mãos e coloca uma gota (d’água) no calíce no momento do ofertório.Simboliza a humanidade unida a Cristo. Altar: O Altar representa a Mesa do Senhor que Jesus com seus discípulos usaram para celebrar a Ceia na quinta-feira santa,no Cenáculo,em Jerusalém.Na mesa Jesus colocou o seu próprio corpo na forma de pão e vinho como alimento para todos.

Ambão: é o lugar mais elevado,no presbitério,de onde se proclamam as leituras,homilias,salmos,oração comunitária.Podem ser dois (não confundir com púlpito,que fica na nave da Igreja). Âmbula,cibório ou píxide: recipiente para a conservação e distribuição das hóstias aos fiéis. Aspersório: instrumento com que se joga água benta sobre o povo ou objetos. Báculo: cajado do pastor,próprio dos bispos. Bursa (pequeno saco):Estojo duro,quadrado,em que se guardava o corporal;revestido de seda na cor litúrgica.Não está mais em uso. Cálice:Nele se deposita o vinho que será consagrado.Assim depois da consagração,contém o Sangue do Senhor.

Cibório (tabernáculo): Cobertura sustentada por quatro colunas. Coleta:Oração que o sacerdote faz antes das leituras.Oremos... Corporal: É o sagrado linho que se coloca sobre a toalha do altar para colocar-se a paterna e o cálice. Credência:mesinha onde se colocam os objetos litúrgicos que serão utilizados na celebração. Crucifixo:Importante na Celebração Eucarística,porque recorda o Sacrifício Redentor de Jesus que não pode ser separado da Ceia. Caldeirinha:vasilha onde se coloca água benta para aspersão das pessoas e de objetos.

Os mistérios litúrgicos Antes de adentrarmos no tema proposto,os mistérios litúrgicos,consideramos importante situar-nos no contexto de uma assembléia litúrgica.Apresentaremos,assim sendo,uma breve síntese doutrinal sobre a mesma para podermos associar a prática ministerial da Igreja á sua doutrina. 1-A assembléia constituída,comunidade crsitã organicamente organizada:Desde o início da vida da Igreja,a assembléia se mostra hierarquicamente ordenada.com a diferenciação orgãnica das diversas obrigaçãoes e rolo de serviço.Geralmente é constituída pelo bispo ou pelo sacerdote,que preside a ação litúrgica na pessoa de Cristo,pelos diáconos,pelos outros ministros e pelos fiéis,unidos pelo vínculo da fé e do batismo.

Ao centro desta assembléia se encontra o mesmo Jesus Cristo (cf.Mt 18,20),ressuscitado e glorioso,em um modo particular de presença espiritual ou pneumatológica (I Cor 15,44-45),real e operante,diversa todavia pela presença sacramental de algumas ações litúrgicas “(como a SS.Eucaristia,por exemplo).É claro:Ele procede a assembléia celebrante;Ele que opera inseparavelmente unido ao Espírito Santo-,a convoca,a reúne e a administra;Ele,Sumo e Eterno Sacerdote,é o protagonista principal da ação ritual. A Constituição sobre a Liturgia,a Sacrosanctum Concilium nos afirma que os mistérios litúrgicos são “Presente,com sua força,nos sacramentos,pois quando alguém batiza,é o próprio Cristo que batiza”.(cf.SC ,7).Tanto que também vimos na Constituição Lumen Gentium,nos fala que “O bispo revestido da plenitude do sacramaneto da ordem,é o administrador da graça do sumo sacerdócio,especialmente na eucaristia que ele oferece ou manda oferecer,e pela qual a Igreja vive e cresce continuamente”.(LG 26).

2-Ministérios ,ofícios e serviços na celebração: “Em todas as celebrações litúrgicas,ministro e fiéis,no desempenho de sua função,façam somente aquilo e tudo aquilo que convém à natureza da ação de acordo com as normas litúrgicas.” (SC 28). Para situar-nos,tenhamos presente duas considerações:que os mistérios litúrgicos são serviços,que enriquecem e são necessários à participação ativa e plena dos membros da assembléia litúrgica,e por último,que a assembléia litúrgica articula-se em diversos ministérios.Como nos explica o Missal Romano diz que “A celebração eucarística constitui uma ação de Cristo e da Igreja,isto é,o povo santo,unido e ordenado so a direção do Bispo”.(cf.Missal Romano,91).

2.1-Distinção entre ministérios,ofícios e serviços litúrgicos: Os ministérios litúrgicos,propriamente ditos,podem ser classificados em ordenados ou instituídos: -Os ordenados são recebidos por meio do sacramento da ordem. -Os instituídos são conferidos por meio de um ritual próprio. -Há entretanto,os que se recebem por meio de um mandato simples. Não há ainda um posicionamento completo da Igreja acerca dos ministérios concedidos a leigos.Convém evitar,no entanto,as expressões ‘ministérios laicais’ ou ‘ministros leigos’.São expressões cômodas mais inadequadas.

Alguns termos e sinais litúrgicos A celebração litúrgica é realizada também com sinais e símbolos.Diz o Catecismo que “segundo a pedagogia divina da salvação,o significado dos sinais e símbolos deita raízes na obra da criação e na cultura humana,adquire precisão nos eventos da antiga aliança e se revela plenamente na pessoa e na obra de Cristo.”. (Cat. § 1145).Deus fala ao homem por meio da criação visível.A luz e a noite,o vento e o fogo,a água e a terra,a árvore e os frutos falam de Deus,e simbolizam também a grandeza e a proximidade Dele.Também a Liturgia da Igreja emprega e santifica os elementos da criação e da cultura humana dando-lhes a dignidade de sinais da graça,da nova criação em Jesus Crristo: “Enquanto criaturas,essas realidades sensíveis podem tornar-se o lugar da expressão da ação de Deus que santifica os homens,e da ação dos homens que prestam culto a Deus.” (cf.Cat.§1148).

Ablução: Ato de lavar-se,no todo ou em parte do corpo;na liturgia tem sentido penitencial. Absolvição: de absolver,o mesmo que desatar,libertar. Abstinência: Proibição de comer carne nos dias previstos pela Igreja (Sexta-feira Santa e Quarta-feira de Cinzas). Aclamação: Expressão coletiva de aplauso,participação,assentimento: “Para promever a participação ativa do povo,recorra-se as aclamações,respostas,salmodias,antífonas,cãnticos,assim como a gestos ou atitudes corporais.Nos momentos devidos,porém,guarde-se o silêncio sagrado”.(cf.SC 30). As principais aclamações na liturgia são: -Amém (=é verdade); -Aleluia (=daí louvour a Deus); -Glória (do grego doxa a doxologia); -Hosana (salva,te suplico,Didaqué 10,6).

Acólito: Leigo que auxilia as funções litúrgicas (“coroinhas”). Advento: Tempo litúrgico de preparação para o Natal,que consiste de quatro semans,no início do Ano Litúrgico. Ágape: Entre os primeiros cristãos significava a ceia fraterna que precedia a Eucaristia (cf.1Cor 11,17-34). Aleluia: (Palavra hebraica) louvai o Senhor.É uma aclamação de alegria que não se usa no tempo da quaresma.Emprega-se na missa,principalmente na aclamação ao Evangelho;no ofício muitas vezes,abundantemente no Tempo Pascal. Alfaias litúrgicas: São todos os objetos que servem de certo modo ao excercício da liturgia. Amém: Palavra hebraica que alguns traduzem por assim seja,assim aconteça.Essa palavra não se traduz.O Apocalipse 93,14) chama Jesus de o Amém,e a Segunda Carta aos Coríntios (1,20) afirma que é em Jesus que dizemos amém.Santo Agostinho diz que o nosso amém é a nossa assinatura,o nosso compromisso.

Anáfora (trazer sobre,oferecer):Momento central da Eucaristia,do prefácio á doxologia.Oração eucarística. Ano Litúrgico:Período de doze meses em que a Igreja celebra os mistérios de Cristo.Inicia com o primeiro Domingo do advento e termina com o último Domingo do Tempo Comum (festa do Cristo Rei).A festa central é a Páscoa,precedida pela Quaresma e seguida do tempo pascal. Antífona:Texto curto antes e dpois de cada salmo do ofício,que exprime sua idéia principal. Antifonia:(=voz contra voz),execução de um canto mediante dois coros. Batistério:Lugar reservado ao conferimento do batismo.Em substituição ao verdadeiro batistério usa-se a pia batismal. Cânon da missa:Oração Eucarística da missa. Catecumenato:Tempo de iniciação à vida cristã e preparação para o batismo.

Cerimoniário:Mestre de cerimõnias.Aquele que é encarregado de preparar,com cuidado,as celebrações. Concelebração:Celebração simultãnea de mais de um sacerdote à mesma missa. Doxologia: Fórmula de louvor que geralmente se usa em honra da Santíssima Trindade.Na liturgia recebem o nome de doxologia o “Glória a Deus nas alturas” e o “por Cristo,com Cristo(...)”,no final da Oração Eucarística. Epiclese:Oração da missa com a qual se invoca a descida do Espírito Santo para que ele,antes da consagração,santifique a assembléia dos fiéis. Epifania:Aparição ou manifestação de Deus.Festa dos reis magos. Fonte:Dicionário de Liturgia-Di Sartore e A,Z Triacca-Ed.Paulinas-1992,SP).

Por que Jesus se “esconde” na Eucaristia? Muitos ficam angustiados porque Jesus esconde a sua Glória na Eucaristia.Mas Ele precisa fazer isso para que o brilho de sua Majestade,como o rosto brilhante de Moisés,não ofusque a nossa vista impedindo-nos de chegar a Ele.Ele esconde também as suas virtudes,porque,se a víssemos ficaríamos humilhados e quem sabe,desesperados por jamais poder atingir tal perfeição.Tudo podermos nos achegar a Ele sem medo. Como dizia o Papa João Paulo II,na sua Encíclica,Ecclesia de Eucharistia diz que “através da comunhão do seu corpo e sangue,Cristo comunica-nos também o seu Espírito”.(cf.Ecclesia de Eucharistia,17).

A Igreja vive da Eucaristia A Sagrada Eucaristia é um “segredo” que muitos cristãos ainda não conhecem com profundidade;e ,por isso,não se beneficiam plenamente das suas graças.Há dois mil anos Ele está no meio de nós,escondido,e muitos ainda não o conhecem.No entanto disse o Papa João Paulo II: “A Igreja vive de Jesus Eucarístico,por ele é nutrida,por ele é iluminada.A Eucaristia é mistério de fé e,ao mesmo tempo “misterio de luz”. Sempre que a Igreja a celebra,os fiéis podem de certo modo reviver a experiência dos dois discípulos de Emaús: “Abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-no”.(cf.Lc 24,31).”(Ecclesia de Eucharistia,6).O Catecismo da Igreja nos diz que “A Eucaristia é o coração e o ápice da vida da Igreja,pois nela Cristo associa sua Igreja e todos os seus membros a seu sacrifício fr louvor e de ação de graças oferecido uma vez por todas na cruz a seu pai;por seu sacrifício ele derrama as graças da salvação sobre o seu corpo,que é a Igreja.” (Catecismo da Igreja Católica § 1407).

A Instituição da Sagrada Eucaristia “ Desse modo,a nossa reflexão foi deter-se na instituição da Eucaristia durante a Última Ceia.O fato teve lugar no ãmbito de uma ceia ritual,que constituía o memorial do acontecimento,fundador do povo de Israel;a libertação da escravidão do Egito”.(cf.Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis,10). “O milagre da multiplicação dos pães,quando o Senhor proferiu a bênção,partiu e distribuiu os pães a seus discípulos para alimentar a multidão,prefigura a superabnundãncia deste único pão de sua Eucaristia”.(Cat.§1335).

Maria, “Mulher Eucarística” O Papa João Paulo II,na Encíclica “Ecclesia de Eucharistia”,mostra o quanto Nossa Senhora é ligada á Eucaristia.Vamos meditar as suas palavras: “ Se quisermos redescobriri em toda a sua riqueza a relação íntima entre a Igreja e a Eucaristia,não podemos esquecer Maria,Mãe e modelo da Igreja”.(EE ,53). “Mysterium fidei! Se a Eucaristia é um mistério de fé que excede tanto a nossa inteligência que nos obriga ao mais puro abandono à Palavra de Deus,ninguém melhor do que Maria pode servir-nos de apoio e guia nesta atitude de abandono.” (54).

“Existe ,pois,uma profunda analogia entre o fiat pronunciado por Maria,em resposta às palavra do Anjo e o amém que cada fiel pronuncia quando recebe o corpo do Senhor.A Maria foi-lhe pedido para acreditar que Aquele que Ela concebia “por obra do Espírito Santo” era o “Filho de Deus” (cf.Lc 1,30-35).Dando continuidade à fé da Virgem Santa,no mistério Eucarístico é-nos pedido para crer que aquele mesmo Jesus,Filho de Deus e Filho de Maria,torna-se presente nos sinais do pão e do vinho com todo o seu ser humano-divino”.(Ecclesia de Eucharistia,55). “Ao longo de toda a sua existência ao lado de Cristo,e não apenas no Calvário,Maria viveu a dimensão sacrificial da Eucaristia.Quando levou o menino Jesus ao templo de Jerusalém,”para o apresentar ao Senhor” (Lc 2,22),ouviu o velho Simeão anunciar que aquele Menino seria “sinal de contradição” e que uma “espada” havia de trespassar também a alma dela (cf.Lc 2,34-35).Assim foi vaticinado o drama do Filho crucificado e de algum modo prefigurado o “stabat Mater” aos pés da Cruz”.(EE,56).

“Fazei isto em memória de mim” (Lc 22,19).No “memorial” do Calvário,está presente tudo o que Cristo realizou na sua paixão e morte.Por isso,não pode faltar o que Cristo fez para com sua Mãe em nosso favor.De fato,entrega-lhe o discípulo predileto e,nele entrega cada um de nós:”Eis aí o teu filho”.E de igual modo diz a cada um de nós também:”Eis aí a tua mãe”.(cf.Jo 19,26-27).Viver o memorial da morte de Cristo na Eucaristia implica também receber continuamente este dom.Significa levar conosco-a Exemplo de João-Aquela que sempre de novo nos é dada como Mãe.Significa ao mesmo compromisso de nos confortarmos com Cristo,entrando na escola da Mãe e aceitando a sua companhia.Maria está presente,com a Igreja,em cada uma das celebrações eucarísticas”. (EE 57).

A Comunhão celeste com a Igreja perigrina: A Constituição Dogmática Lumen Gentium nos diz que “até que o Senhor venha na sua majestade,e todos os anjos com ele (cf.Mt 25,31),e que até que lhe sejam submetidadas,com a destruição da morte,todas as coisas (cf.1Cor 25,26-27),alguns dos seus discípulos peregrinam na terra,outros,já passados desta vida,estão se purificando,e outros vivem já glorificados contemplando “claramente o próprio Deus,uno e trino,tal qual é”,todos porém,ainda que em grau e de modo diversos,comungamos na mesma caridade para com Deus e para o próximo,e cantamos o mesmo hino de glória ao nosso Deus”.(LG,49).

ORDEM DA SAGRADA LITURGIA-INSTRUÇÃO REDEMPTIONIS SACRAMENTUM 1-O Bispo Diocesano,grande Sacerdote de seu rebanho: “O Bispo Diocesano,primeiro administrador dos mistérios de Deus na Igreja particular que lhe tem sido confiada,como o moderador,promotor e custódio de toda a vida litúrgica.Pois “o Bispo por estar revestido da plenitude do sacramento da Ordem é o “administrador da graça do supremo sacerdócio”,sobretudo na Eucaristia,que ele mesmo celebra ou procura que seja celebrada e mediante a qual a Igreja vive e cresce continuamente”.(RS,19).

2-A Conferência dos Bispos: “Isto vale também para as comissões da mesma matéria,que,vivamente desejadas pelo Concílio,são instituídad pela Conferência de Bispos e da qual é necessário que seja membros os Bispos,sendo distintos com clareza dos ajudantes peritos.Quando o número dos membros da Conferência de Bispos não seja suficiente para que se elejam entre eles,sem dificuldade e se institua a comissão litúrgica,nomei-se um conselho com o grupo de peritos que,na medida do possível e sempre sob a presidência de um Bispo,desempenhem estas tarefas;evitando,sem dúvia,o nome de “comissão litúrgica”.(Redemptionis Sacramentum 26).

Como formar uma Pastoral (Equipe) de Liturgia? A Pastoral de Liturgia,é uma exigência bastante nova na Igreja.Ela brota de uma compreensão da Liturgia como Cume e Fonte de toda a vida e a ação da Igreja,conforme ensina o Concílio Vaticano II,na Constituição sobre a Liturgia a Sacrosanctum Concilium que “ Os trabalhos apostólicos visam a que todos como filhos de Deus,pela fé e pelo batismo,se reúnam para louvar a Deus na Igreja,participar do sacrifício e da ceia do Senhor”.(SC ,10).Existe um antes,como o anúncio,a pregação,a catequese,e um depois,como a ação da caridade,o viver aquilo que foi celebrado,a ação como cidadão na construção de uma sociedade mais justa e fraterna.

Quais são as necessidades de uma Pastoral de Liturgia? Antes do Concílio Vaticano II,já havia a preocupação de uma formação litúrgica para os fiéis,mas tratava-se de um Movimento Litúrgico,de interesse e iniciativa de certos grupos.Depois do Concílio passa-se do Movimento Litúrgico para a pastoral Litúrgica,vendo-se a Liturgia como uma dimensão da vida de toda a Igreja,e mais,como cume e fonte de toda a vida e ação da Igreja,da qual todos os fiéis são chamados a participar de modo frutuoso,e por isso,de modo consciente,ativo e pleno.A Sacrosanctum Concilum pede uma participação consciente ativa,plena e frutuosa na Sagrada Liturgia.Isso não se obterá sem uma séria ação pastoral por parte de toda a Igreja (cf.SC 14).

Características da Pastoral de Liturgia Todo estudo,pesquisa,ensino e aprendizado da Liturgia,deverá ter um caráter “iniciático” (de iniciação teórica e prática) e mistagógico (aprofundamento daquilo que se viveu na celebração).Não basta a formação acadêmica ou simplesmente uma catequese teórica.Trata-se de um processo vivenciado dos mistérios da fé,celebrados na Liturgia.Em toda Pastoral de Liturgia,não só em relação aos Sacramentos,podemos considerar três momentos: -O momento antecedente,ou o “antes-pastoral” na preparação diferenciada com visitas à celebração e á renovação ou crescimento da vida cristã.Trata-se de uma ação pastoral que atecede e prepara para a Celebração.

-O momento concomitante,ou “o durante-pastoral” na própria celebração,na sua especificade de sinal simbólico e de seu caráter mistagógico;levar a celebrar bem,de modo consciente,participativo,para que seja eficaz. -O momento conseqüente ou “depois-pastoral” da celebração,com seus compromissos pessoais e comunitários,que se realizam pela continuação e pela constãncia.Levar a viver o que se celebrou. Estas três dimensões da Pastoral de Liturgia nos mostram os sacramentos e todas as outras celebrações não só como ato celebrativo preciso,mas também como processo vital existencial,que em seu próprio dinamismo tende a transformar não um momento fugaz da vida,mas a vida inteira

Quais são as três dimensões na Pastoral de Liturgia? As três dimensões que a Pastoral de Liturgia tem são essas: 1-Uma pastoral antecedente;Preparação do Sacramento ou de outra Celebração. 2-Uma pastoral concominante:Celebração do Sacramento,que possui uma dimensão catequética,mistagógica,missionária e socio-transformadora em sim mesma. 3-Uma pastoral conseqüente:mistagogia do Sacramento.Daí brotam que determinam a Pastoral dos Sacramentos:Conscientização,preparação,autencidade,participação,comunitariedade,coerência.

É preciso situar esta Pastoral no interior da Pastoral global ou de conjunto,da missão da Igreja.Para nós,no Brasil,existe a necessidade de uma nova evangelização para a Pastoral dos Sacramentos,uma evangelização missionária testemunhal. A Pastoral dos Sacramentos exige: -Palavra; -Comunhão; -Caridade. São os três aspectos de uma Comunidade Eclesial,conforme os Atos dos Apóstolos.Uma verdadeira pastoral é uma boa teologia,da mesma forma que uma autêntica teologia é uma boa pastoral.Cada Sacramento deve merecer sua ação pastoral antecedente,concomitante e conseqüente.

O que se celebra? Para uma boa Pastoral Litúrgica é preciso saber o que é Liturgia.A Liturgia é uma celebração,mas não uma celebração qualquer.O que é celebrar.É fazer memória.Toda celebração,desde a comemoração do primeiro aninho de uma criança até as celebrações da Igreja,consta de três elementos: -fator valorizado que podemos chamar páscoa; -sua expressão significativa:os símbolos ou os ritos que signifam o fato valorizado; -aquilo que se vive na fé,o mistério,ou a intercomunhão solidária. O Papa Bento XVI na sua exortação Sacramentum Caritatis afirma: “O fato de a Igreja ser “ sacramento universal da salvação” mostra que a “economia” sacramental determina,em última análise,o modo como Jesus Cristo único Salvador,por meio do Espírito alcança a nossa vida na especificidade das suas circunstãncias”.(Sacramentum Caritatis,16).

Nota final: A Instrução Geral sobre o Missal Romano diz assim: “A verdade do sinal exige que a matéria da celebração eucarística pareça realmente um alimento.Convém,portanto,que,embora ázimo e com a forma tradicional,seja o pão eucarístico de modo preparado que o sacerdote,na Missa com povo,possa de fato partir a hóstia em diversas partes e distribuí-las ao menos a alguns dos fiéis.Não se excluem,porém,ás hóstias pequenas,quando assim o exigirem o número dos comungantes e outras razões pastorais.O gesto,porém,da fração do pão,que por si só designava a Eucaristia nos tempos apostólicos,manifestará mais claramente o valor da importãncia do sinal da unidade de todos num só pão,e da caridade fraterna pelo fato de um único pão ser repartido entre os irmãos”.(Missal Romano,321).


 

A Estrutura da Liturgia Eucarística
 A estrutura fundamental que se conservou ao longo dos séculos até aos nossos dias, desdobra-se em dois grandes momentos que formam uma unidade básica:
 1.       A Liturgia da Palavra
 2.       A Liturgia Eucarística
      Liturgia da Palavra e Liturgia Eucarística constituem juntas “um só e mesmo ato de culto”, com efeito, a mesa preparada para nós na Eucaristia é ao mesmo tempo a da Palavra de Deus e a do Corpo do Senhor. (CIC 1347)
 
Estrutura da Liturgia Eucarística - Completa
Ritos Iniciais
 Canto de Entrada
 Saudação
 Ato Penitencial
 (Kyrie, eleison - Senhor Tende piedade)
 Glória
 Oração (Coleta)
 Liturgia da Palavra
 1ª Leitura
 Salmo
 2ª Leitura
 Evangelho
 Homilia
 Oração Universal (Profissão de Fé)
 Liturgia Eucarística
 Preparação das Oferendas
 Lavabo
 Oração sobre as Oferendas
 Oração Eucarística
 Prefácio
 Epiclese
 Narrativa da Ceia
 Anamnese
 Oblação
 Intercessões
 Doxologia Final
 Comunhão
 Pai Nosso
 Rito da Paz
 Fração do Pão
 Procissão para a Comunhão
 Oração depois da Comunhão
  Ritos Finais
 Avisos
 Benção
 Despedida

 


Liturgia

Introdução

 

Estudar liturgia é preparar-se para celebrar a maior festa da vida cristã. Para compreendê-la melhor, precisamos responder algumas perguntas fundamentais:

- O que é liturgia?

- Por que celebrar?

- O que celebrar?

- Quem celebra?

- Como celebrar?

- Quando celebrar?

- Onde celebrar?

Nossa intenção é responder com humildade e objetividade a estas indagações. Para tanto vamos consultar o Dicionário de Liturgia, o Compêndio do Vaticano II, o Catecismo da Igreja Católica, o Documento 43 da CNBB (Animação da Vida Litúrgica no Brasil) e outras obras afins.

 

1. O que é Liturgia?

 

O termo liturgia provém do grego “leitourgia” que, “em sua origem indicava a obra, a ação ou a iniciativa assumida livremente por um particular (indivíduo ou família) em favor do povo ou do bairro ou da cidade ou do Estado”. Portanto, a liturgia era a “obra pública” assumida com liberdade.

Com o passar do tempo a liturgia perdeu o seu caráter livre e passou a significar um serviço obrigatório.

A tradução grega do Antigo Testamento apresenta a liturgia como sendo um “serviço religioso prestado pelos levitas a Javé, primeiro na ‘tenda’ e depois no templo de Jerusalém”.

Na Didaqué, a liturgia “se refere claramente à celebração da eucaristia” (Nº. 14).

No Concílio Vaticano II,  por liturgia compreende-se “a ação sagrada, através da qual, com um rito, na igreja e mediante a igreja, é exercida e continuada a obra sacerdotal de Cristo, isto é, a santificação dos homens e a glorificação de Deus” (SC 7). O concílio afirma também que a liturgia “é o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana toda a sua força” (SC 10).

À luz do Vaticano II e do Catecismo da Igreja Católica, a liturgia é “obra de Cristo” “ação da sua igreja”. É o sinal visível da comunhão entre Deus e a humanidade através de Jesus Cristo (cf. SC 6 e CIC 1071).

 

2. Por que Celebrar?

 

Celebrar significa tornar célebre um determinado momento ou acontecimento da vida. O ato de celebrar faz parte da vida humana, é uma ruptura da rotina cotidiana. O liturgista italiano, Romano Guardini, fala da celebração como dimensão lúdica da vida que extrapola o tempo e o espaço.

Celebrar é comemorar, isto é, atualizar na memória algo em comunhão com alguém. “Em todos os tempos e lugares, homens e mulheres de todos os meios e níveis sociais, de todas as culturas e religiões, costumam realçar, ao longo da existência, aspectos fundamentais da vida individual, familiar, social e religiosa” (Doc. CNBB – 43  Nº. 36) e este realce se dá no ato celebrativo.

A celebração “nos leva a descortinar a grandeza de nosso ser e de nosso destino de imagens de Deus”. Ela “nos abre espaço para vivermos em comunhão que é o anseio profundo de nosso ser social” (Doc. CNBB – 43  Nº. 38).

A história já vivida por alguém, grupo ou país é outra razão pela qual se celebra. Aqui surgem os diferentes tipos de celebrações: cívicas, sociais, religiosas...

Na religião a celebração ocupa um espaço privilegiado. Em se tratando da religião cristã, “a celebração consiste na memória do acontecimento fundante do Povo de Deus, isto é, a morte e ressurreição do Senhor, que perpetua na História a salvação que Cristo veio trazer a todos” (Doc. CNBB – 43  Nº. 39).

 

3. O que Celebrar?

 

Em toda e qualquer celebração o centro é a VIDA. Celebramos a vida. A vida provoca e faz acontecer a celebração que, por sua vez, compreende uma simples festa de aniversário até um fato que envolva todo o mundo.

Referindo-se à celebração litúrgica o que se celebra é a “vida de Deus no meio do povo” em vista de comemorar o mistério da salvação. O projeto de comunhão de Deus com o seu povo e “que chamamos de obra da salvação, foi prenunciado pelo próprio Deus no Antigo Testamento e realizado em Cristo. Hoje a Liturgia o celebra, isto é, o rememora e o torna presente na Igreja” (Doc. CNBB – 43  Nº. 44).

Portanto, podemos dizer que o ponto central da liturgia cristã é o Mistério Pascal. Por mistério pascal compreendemos a plenitude da presença de Deus no meio do seu povo na pessoa de Jesus, desde a sua encarnação até a ressurreição. “O mistério pascal de Cristo é o centro da História da salvação e por isso o encontramos na Liturgia como seu objeto e conteúdo principal. Esse mistério envolve toda a vida de Cristo e a vida de todos os cristãos” (Doc. CNBB – 43  Nº. 48).

Hoje, somos convidados “a celebrar os acontecimentos da vida inseridos no Mistério Pascal de Cristo”.

 

4. Quem Celebra?

 

Em nossas comunidades é comum ouvir frases tais como: “Padre, é o Senhor que vai celebrar hoje?”; “Quem celebrou a missa domingo passado foi o padre fulano”; “Naquela comunidade quem celebra é cicrano”; “Vamos assistir a celebração naquela igreja”.  Afinal de contas quem é mesmo que celebra?

O Catecismo da Igreja Católica responde esta indagação afirmando que “é toda a comunidade, o corpo de Cristo unido à sua Cabeça, que celebra” (CIC 1140).

Jesus Cristo é o único sacerdote, o celebrante principal. Nós somos convocados pelo Espírito Santo para celebrar com Jesus e com os demais membros da comunidade.

Celebrar é participar como sujeito e não como mero assistente. Na celebração litúrgica a pessoa torna-se participante de toda a vida de Jesus de Cristo (Mistério Pascal) e da vida de seus irmãos e irmãs inserida neste mistério de salvação. Portanto, quem celebra é toda a comunidade reunida em assembléia.

O êxito de uma celebração está diretamente ligado à diversidade de funções atribuídas aos membros de sua assembléia. De fato, a assembléia litúrgica “é uma comunidade reunida, mas nunca de modo massificado. Não é massa nem público. Articula-se em torno de diversas atividades específicas distribuídas entre seus diversos membros”. Sabemos também que “essas atividades, funções e papéis são, pois, verdadeiros serviços ou ministérios, porque ajudam a assembléia” a celebrar a vida de forma plena.

Dentre os principais serviços lembramos a “acolhida, leitura, canto, oração, ofertório, assistência à mesa-altar, presidência”.

 

5. Como Celebrar?

 

A esta questão, responde o Catecismo da Igreja Católica: “na vida humana, sinais e símbolos ocupam um lugar importante. Sendo o homem um ser ao mesmo tempo corporal e espiritual, exprime e percebe as realidades espirituais através de sinais e de símbolos materiais. Como ser social, o homem precisa de sinais e de símbolos para comunicar-se como os outros, através da linguagem, de gestos, de ações. Vale o mesmo para a sua relação com Deus” (CIC 1146).

Indubitavelmente, a celebração litúrgica expressa seu significado mais profundo através de uma variedade de sinais, símbolos, gestos e ações. Para aprofundar esta questão achamos oportuno apresentar um resumo da obra “Vamos Celebrar” do Pe. Gregório Lutz:

Caminhar

 

Quando vamos a um determinado lugar é normal que, no caminho, haja uma preparação para um encontro (ex.: ir ao médico, à festa, ao teatro, etc.). Em se tratando da celebração não pode ser diferente. É importante que enquanto caminhamos até a Igreja façamos uma preparação para melhor celebrar o mistério pascal de Jesus Cristo.

Caminhando chegamos ao local da celebração e encontramos com os irmãos na fé e, juntos, nos deparamos diante de Deus.

No decorrer da celebração temos mais motivações para caminhar:

-         procissão de entrada: o presidente e a equipe celebrativa caminham até o altar e, consigo, levam toda a comunidade ao encontro com Deus;

-         procissão da palavra: os leitores caminham até o ambão donde proclamam o texto sagrado, significando a resposta de Deus que vai ao encontro da comunidade;

-         procissão das oferendas:  toda a comunidade  é  convidada  a  caminhar oferecer sua vida a Deus;

-         procissão da comunhão: Deus caminha ao encontro da comunidade oferecendo-se em alimento.

 

Celebrar de Pé, Sentado e Ajoelhado

 

Estar de Pé:

“Os fiéis permaneçam de pé: do início do canto de entrada, ou do momento em que o sacerdote se aproxima do altar, até a oração do dia inclusive; ao canto de  aclamação antes do Evangelho; durante a  proclamação do Evangelho; durante  a profissão  de  fé e a oração universal; e da oração sobre as oferendas até o fim da Missa”,  exceto eventualmente durante a  consagração e a oração  em  silêncio  depois da  comunhão   (cf. Introdução Geral Sobre o Missal Romano, N. 21).

O estar de pé significa prontidão, estar atento, livre...

 

Ficar Sentado:

“Sentam-se durante as leituras antes do Evangelho e durante o salmo responsorial; durante a homilia e enquanto se preparam os dons ao ofertório; e se for conveniente, enquanto se observa o silêncio sagrado após a comunhão” (Introdução Geral Sobre o Missal Romano, N. 21).

O ficar sentado favorece o recolhimento, a escuta acolhedora da Palavra e a sua meditação.

 

Ajoelhar-se:

“Ajoelhem-se durante a Consagração, a não ser que a falta de espaço ou o grande número de presentes ou outras causas razoáveis não o permitam” (Introdução Geral Sobre o Missal Romano, N. 21).

Ajoelhar-se é uma atitude de humildade e adoração.

 

Celebrar Olhando e Ouvindo

 

Na celebração o “olhar” e o “ouvir”  são de uma grande abrangência. Olhamos o local da celebração e logo  notamos sua  limpeza, a ordem,  a decoração,  as  flores,   o presbitério, o altar, as velas, a  cruz,  o  ambão,  o sacrário, as imagens...

Olhamos também as pessoas (presidente da celebração, ministros, acólitos,  coroinhas,  leitores, comentarista, animadores e os demais irmãos e irmãs.

O nosso olhar se dirige ainda a cada ação litúrgica e aos sinais sacramentais.

Com os olhos da fé vemos o mistério de Jesus Cristo, no local da celebração e naquilo que é feito durante a mesma.

É notável também que durante toda a celebração saibamos ouvir (saudações, convites, exortações, cantos, leituras, homilia, orações...).

Lembramos ainda que o ouvir em silêncio favorece uma maior introspecção e interiorização.

 

Celebrar Rezando e Cantando

 

Não menos importante é o celebrar rezando e cantando. Através destas atitudes a assembléia dialoga com Deus, sai da passividade e interage-se.

Rezando e cantando responde-se às orações, às leituras e acompanha-se as procissões e a fração do pão. Com estes gestos a assembléia participa da oração eucarística não apenas interiormente, mas também pelas aclamações. Juntos os fiéis recitam a profissão de fé, elevam suas preces e rezam o Pai-Nosso.

Rezando e cantando a comunidade torna-se sujeito da ação litúrgica e entra em comunhão com a Trindade.

 

Celebrar Comendo e Bebendo

 

Comer e beber são atos sagrados para o ser humano. Portanto, essenciais na celebração litúrgica.

Comendo e bebendo o Corpo e o Sangue de Cristo atinge-se o ápice da celebração e da comunhão com Deus e com os irmãos e irmãs.

Comendo e bebendo nos alimentamos e, no caso da celebração, nos nutrimos do sustento e do fortalecimento da vida de Cristo. É a plena participação da vida do outro, portanto deve ser um ato prazeroso e repleto de amor.

 

6. Quando Celebrar?

 

Todo ato celebrativo tem o seu quando, o seu dia. “O quando é festa. Há celebração quando há festa”. A festa situa-se num determinado tempo. Em se tratando da festa cristã sua celebração acontece em datas que se faz memória de acontecimentos que Deus realizou em favor de seu povo.

 

A festa semanal: domingo

 

É importante lembrar que “desde o princípio da vida da Igreja, os cristãos aparecem como pessoas que se reúnem regularmente num dia fixo, num dia determinado, a saber, o primeiro dia da semana”. O primeiro dia da semana é o domingo, ou seja, “dia do Senhor”. Os cristãos se reunião no primeiro dia da semana para a partilha da Palavra e do pão (cf. At 20,7).

O primeiro dia da semana “é o dia da ressurreição e dos encontros com o Ressuscitado” (cf. Mt 28,1; Mc 16,1-2.9; Lc 24,1.13; Jo 19,31; Jo 20,1.19).

O domingo é “o dia memorial da ressurreição de Jesus, de sua exaltação e constituição como Senhor... o dia da grande libertação”. É o dia próprio para a assembléia cristã se reunir e celebrar o Mistério Pascal e a sua vida inserida neste mistério libertador.

É no domingo que se dá a festa da fraternidade. Além do encontro com o Cristo vivo dá-se o encontro com os irmãos e irmãs. Em fraternidade os cristãos se reúnem para celebrar a festa da vida que é sempre alimentada com a partilha da Palavra e a fração do pão.

 

A festa anual: páscoa

 

O domingo, como já foi visto, é o dia da festa para a semana. Para o ano a festa acontece com a páscoa, considerado o grande domingo. A páscoa é a “festa das festas”. A páscoa é a festa da libertação, a passagem da morte para a vida. A Páscoa é o centro da vida e da fé dos cristãos.

Para compreendermos melhor esta festa anual é necessário conhecer também a estrutura do Ano Litúrgico.

O ano litúrgico “está organizado em ciclos festivos, onde se quer celebrar primordialmente o mistério da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo, a herança histórico-litúrgica do povo hebreu, a vida e a fé dos primeiros seguidores de Jesus e a nossa vida de seguidores da herança recebida”. Assim sendo, temos o ciclo do Natal, o ciclo da Páscoa e o tempo comum.

Ciclo do Natal: o ano litúrgico começa com o advento. A característica do advento é a preparação para celebrar o nascimento de Jesus, a encarnação do Verbo, a presença de Deus em nosso meio. Esse tempo litúrgico termina com a festa do Natal, celebrada no dia 25 de dezembro. O Natal “é um tempo forte de alegria, de festa, de solidariedade e de oração mais intensa”. A festa do Natal se estende até as celebrações da epifania (manifestação do Senhor) e do batismo de Jesus.

Ciclo da Páscoa: para bem celebrar a “festa das festas” que é a páscoa, temos como preparação a Quaresma. A quaresma inicia-se na quarta-feira de cinzas e constitui-se num período forte de oração, penitência e conversão. Depois dos 40 dias quaresmais, temos a semana santa que inicia-se no Domingo de Ramos, atingindo seu ápice com o Tríduo Pascal.  O tríduo se fundamenta na unidade do mistério pascal de Jesus Cristo, que compreende sua paixão, morte e ressurreição. Segundo o Missal Romano, em suas Normas Universais Sobre o Ano Litúrgico, “o Tríduo pascal... começa com a Missa vespertina da Ceia do Senhor, possui seu centro na Vigília Pascal e encerra-se com as Vésperas do domingo da Ressurreição” (N. 19). Deste modo, celebramos de quinta para sexta-feira a “Paixão”, de sexta-feira para sábado a “Morte”, e de sábado para domingo a “Ressurreição”. A festa da páscoa contínua ainda por mais 50 dias até o Pentecostes.

Tempo Comum: além dos ciclos do Natal e da Páscoa temos também o “chamado Tempo Comum”. Nele acontece a maior parte das celebrações. Situa-se entre “o Tempo do Natal até o início da Quaresma e após o Tempo da Páscoa até o início do Advento”.

Além da festa semanal (domingo) e da festa anual (páscoa), o ano litúrgico comporta outras festas que são dedicadas a Maria, aos apóstolos, aos mártires, aos santos padroeiros...

 

7. Onde Celebrar?

 

O verdadeiro espaço para a celebração é constituído pela assembléia mesma que “prevalece sobre a realidade local físico-geográfica, arquitetônica”. Independentemente do local, seja ele, uma igreja, uma residência, um salão, debaixo de uma árvore ou à margem de um lago, o essencial é a presença real da pessoas, da comunidade reunida.

O lugar onde a celebração acontece é na própria assembléia. “A Igreja enquanto comunidade de crentes reunidos, congregados em torno de Cristo, é o novo templo” (cf. Ef. 2,19-22; 1Pd 2,5).

É sabido, pois, que o verdadeiro templo de Deus é o coração humano. É na assembléia reunida que Deus se faz presente. Mas devemos considerar que esta assembléia litúrgica, quase sempre, precisa de abrigo e proteção. Daí também a importância do templo de pedra, a igreja material. O templo deve refletir e expressar a presença de Deus que se manifesta na assembléia litúrgica. Portanto, a igreja deve ser um local que favoreça a mística e viabilize a celebração do Mistério Pascal. Todos devem sentir a celebração como ápice de suas vidas.

Com estas humildes idéias, descritas com carinho e ternura, intentamos despertar uma maior paixão pela celebração litúrgica. 

 

 

Pe. Denilson Aparecido Rossi, imd (Cido)

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BIBLIOGRAFIA

- Dicionário de Liturgia

- Compêndio do Vaticano II

- Catecismo da Igreja Católica

- Doc. CNBB, Nº. 43 – Animação da Vida Litúrgica no Brasil, São Paulo, Paulinas, 1989

- VALLE, Pe. Sérgio F., A Liturgia na Catequese, São Paulo, Paulinas, 1993

- RIBEIRO, Eliomar, Liturgia – festa da vida, São Paulo, CCJ, 1998

- BOROBIO, Dionisio, A Celebração na Igreja, Vol. I, São Paulo, Paulinas, 1990